Nas imagens acima apresentadas podemos observar máquinas a britar a pedra junto à pedreira, estando alguma já produzida e em stock.

Vemos também as frentes de trabalho na estrada, com especial destaque para trabalhos de terraplenagem e de construção de “ph’s”, ou seja, passagens hidráulicas. Estas passagens são, no fundo, órgãos de drenagem da estrada, mais concretamente de drenagem das águas pluviais e de chuvas.

Por último, temos ainda imagens das chamadas zonas de empréstimo. Referimo-nos a zonas onde se preparam os solos para aplicar na estrada e zonas de aterros da estrada (que podemos observar nas fotografias).

 

A Obra

Enquadrado no programa estratégico estruturante de obras a ser implementado pelo Ministério da Construção, coube à SEOP-SA, na província mais a sul do país, Cunene, com capital em Ondjiva, na Estrada Nacional nº 295, a construção de cerca de 92 quilómetros de extensão de estrada, de raíz.

Um pouco de história merece ser referenciada nesta obra, que começa em Xangongo e termina em calueque.

Nos cerca de 9 mil quilómetros de estradas existentes em 1974, fim do período colonial, saído da então denominada Vila Ruçadas, actual Xangongo, local onde foi então construída a maior ponte de Angola sobre o rio Cunene, havia um troço de ligação até Calueque que se desenvolvia ao longo da margem direita do rio.

Durante o período antes da independência e mesmo depois dessa data, Cunene foi palco, à semelhança de outras províncias de Angola, da invasão do exército clássico do regime do apartheid vigente na então África do Sul.

Uma das consequências directas dessa invasão foi a destruição de vários objectivos estratégicos e económicos, de entre os quais a ponte sobre o rio Cunene, a barragem do Calueque e a própria povoação do Calueque, que foi completamente arrasada, tal como a então Vila Pereira d’Eça.

Transcorridos que foram vários anos, e após o advento da paz, a actual comuna de Calueque desenvolveu-se não no local da antiga, que era na margem direita do rio, mas sim na margem esquerda do mesmo.

A actual comuna de Calueque, que hoje apresenta uma imagem completamente nova com sinais evidentes de desenvolvimento, contrasta com as ruínas ainda existentes da antiga povoação do Calueque.

A actual obra que a SEOP-SA tem em mãos, desenvolve-se exactamente ao longo de toda a margem esquerda do rio Cunene no eixo definido e apenas terraplenado. Esta margem foi, até aos dias de hoje, usada para circulação de pessoas e bens. Sendo que, numa primeira fase, apenas foi usado para fins militares e, quando a situação assim o permitiu, também para fins civis.

Passando por Naulila, onde se encontra a administração municipal da área de jurisdição de Calueque, esta obra inicia em Xangongo, desenvolvendo-se practicamente em zonas planas, que bordejam o rio, nalguns pontos a escassos cem metros do seu leito permanente. Passa ainda por zonas de criação de gado e por áreas férteis para a agricultura.

O nosso troço termina numa bifurcação onde, a cerca de 3 quilómetros para a esquerda, encontramos a fronteira de Angola/Cunene com a vizinha República da Namíbia. Deste ponto para a direita, a cerca de 9 quilómetros, termina em Calueque onde, como é sabido, está em fase de conclusão a construção da barragem do Calueque. Barragem esta que terá como principal função a regularização dos caudais do rio Cunene, a irrigação, a adução de água para a República da Namíbia em canal a céu aberto e a eventual produção de energia eléctrica de consumo local, a médio ou longo prazo.

De uma maneira geral, a obra a executar de Xangongo até Naulila, ao quilómetro 64 atravessando pequenas localidades, desenvolve-se em zonas planas de solos favoráveis à construção.

A parte mais sensível da obra será justamente de Naulila até à bifurcação para a fronteira e para Calueque.

Estes últimos quilómetros, cerca de 30, em que se mantém a zona genéricamente plana, tem muitas linhas de água e algumas zonas que, em anos de abundantes chuvas e caudais abundantes do rio, quando coincidem com aberturas de comportas de barragems a montante, tornam-se muito alagadiças. O nível das águas atinge cotas que se aproximam da cota final do pavimento.

Esta singularidade, que foi prevista no projecto de execução, será acautelada com a construção de passagens hidráulicas que servirão, acima de tudo, para permitir que as águas se possam depositar dos dois lados do aterro da estrada a ser construída.

É, por assim dizer, a parte mais trabalhosa da obra, onde haverá uma maior concentração de pequenas obras de arte de drenagem transversal.

Durante os meses que se seguiram à assinatura do auto de consignação, que teve lugar em Ondjiva, em Novembro, choveu bastante nesta zona da província do cunene, com particular incidência no nosso troço.

Esta particular circunstância fez com que todos os trabalhos e mobilização sofressem algum atraso.

Por outro lado, nestes meses, a SEOP-SA montou (e practicamente concluiu) o seu estaleiro central nas imediações da sede do município, Naulila.

Em paralelo, embora a cedência da zona de exploração de pedra para montagem dos complexos fabris da central de britagem e central de betão betuminoso tenha demorado, à data de hoje a central de britagem está em avançado estado de montagem, levando a crer que, em meados de Agosto, a britadeira esteja concluída.

Em termos de projecto, o mesmo encontra-se todo desenvolvido, executado e entregue ao cliente para análise e aprovação.

A mobilização de meios humanos, constituição das várias equipas de trabalho e técnicos de obra, equipamentos e acessórios vários de construção, materiais diversos e logística em geral, mantém tudo o seu ritmo normal.

Em obra propriamente dita, estão identificadas as principais zonas de empréstimo de materiais para aterro. Já em exploração estão também em curso trabalhos de terraplenagem de Naulila para Calueque, nomeadamente aterros. Entre outros trabalhos estão também já executadas várias passagens hidráulicas.

Na altura das chuvas apenas se acudiram situações pontuais, com trabalhos denominados de “tapa-buracos”, fundamentalmente para acudir e permitir a circulação de pessoas e bens da forma menos precária possível e, sobretudo, para facilitar aos construtores da barragem (que ainda se encontra em fase de construção, embora já adiantada) a sua actividade com o mínimo de constrangimentos e turbulência.

A obra tem sido alvo da maior atenção de todas as entidades da província ligadas, directa ou indirectamente, a este grandioso empreendimento de importância maior para a província na extensão da sua rede viária primária fundamental.

Têm-se sucedido várias visitas de vários responsáveis, quer do Ministério da Construção, quer do Governo Provincial, assim como de funcionários das administrações provinciais, municipais e comunais, sempre em estreita colaboração com a direcção de obra da SEOP localizada em obra, tal como a direcção técnica da empresa, que para lá se desloca com abundante frequência.

Em jeito de conclusão, importa dizer que foi colocada em obra a questão à direcção nacional de obras de engenharia do ministerio da construção, na pessoa do seu director nacional Engº Kilele, aquando da sua última deslocação à obra, dia 17 de Junho último, acompanhado pelo seu staff técnico e responsáveis provinciais, sobre a tomada de decisão de, aproveitando a oportunidade singular de construção de cerca de 92 quilómetros desta Estrada Nacional, se construírem também, os cerca de 11 quiilómetros a mais, que ligam o posto fronteiriço de Calueque com a vizinha República da Namíbia, à comuna de Calueque, onde muito em breve será terminada também a construção de outro importante empreendimento, a barragem de Calueque.

Saíndo do âmbito regional, estes empreendimentos têm uma importância nacional e internacional e, atribuir-lhes a importância proporcional ao esforço do governo central nestes grandiosos investimentos, justifica sem dúvida conferir-lhes a solenidade que merecem. Esse objectivo seria conseguido se esse pequeno trecho fosse igualmente construído e pavimentado.

De outra forma, para quem sai da Namíbia em estrada asfaltada e entra em Angola pelo posto fronteiriço do Calueque, percorreria 3 quilómetros não pavimentados, para entrar novamente numa estrada construída de raíz.

Este contraste não abonaria certamente aos utentes nacionais e estrangeiros. Talvez valha a pena mais este pequeno esforço, sendo que numa análise linear de custos benefícios, o prato da balança penderia certamente para o lado do “sim”.